Torto Arado: Uma jornada através da Memória e Resistência
- Raul Silva
- 25 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Por: Raul Silva
- Professor de Língua Portuguesa, Colunista do Teoria Literária (Literatura), Especialista em Literatura, Estudante de Jornalismo e Apresentador do podcast Teoria Literária

“Torto Arado”, de Itamar Vieira Júnior, é uma obra que transcende a mera ficção para se tornar um espelho da realidade brasileira, refletindo as cicatrizes de um passado colonial e as lutas contínuas de seu povo. Através das vozes de Bibiana e Belonísia, o autor tece uma narrativa polifônica que ressoa com as memórias coletivas e as desigualdades raciais, sociais e de gênero que permeiam a sociedade brasileira.
A história se desenrola na Fazenda Água Negra, um microcosmo do sertão brasileiro, onde a violência, a seca e a fé se entrelaçam na vida dos personagens. As irmãs, marcadas por uma tragédia na infância, crescem em um mundo de contradições e injustiças, observando e vivenciando as complexidades das relações sociais e de poder.
O livro destaca a resistência ancestral dos povos quilombolas e sua conexão profunda com a terra, uma luta que se manifesta na busca por reconhecimento e justiça. A figura de Zeca Chapéu Grande, pai das meninas e líder espiritual da comunidade, simboliza o paradoxo entre a resignação e a indignação diante das adversidades.

“Torto Arado” é um título que carrega em si o peso da história, representando não apenas um instrumento agrícola, mas também as marcas da escravidão que ainda moldam a sociedade brasileira. É um romance que, nas palavras de Luana Tolentino, se firma como uma obra definitiva, um retrato vívido e necessário da identidade nacional.
Itamar Vieira Júnior, com sua prosa envolvente e personagens ricos, oferece uma experiência literária que é ao mesmo tempo um convite à reflexão e um chamado à ação. “Torto Arado” é uma leitura essencial para todos aqueles que buscam compreender as raízes profundas do Brasil e as possibilidades de um futuro mais justo e igualitário.
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