Mario Vargas Llosa (1936–2025): Um legado imortal na literatura e na cultura hispano-americana

Da redação do Radar Literário

Na noite de 13 de abril de 2025, em Lima, faleceu Mario Vargas Llosa, aos 89 anos. A notícia foi confirmada por seus filhos, Álvaro, Gonzalo e Morgana, que destacaram sua partida serena, cercado pela família. Em respeito à sua vontade, não haverá cerimônia pública, e seus restos serão cremados em cerimônia privada.

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa nasceu em 28 de março de 1936, em Arequipa, Peru. Filho único de Ernesto Vargas Maldonado e Dora Llosa Ureta, seus pais se separaram pouco após seu nascimento. Durante a infância, viveu em Cochabamba, Bolívia, com a família materna. Aos dez anos, retornou ao Peru e conheceu o pai pela primeira vez.

Aos 14 anos, ingressou no Colégio Militar Leoncio Prado, experiência que inspirou seu romance de estreia, “La ciudad y los perros” (1963). Posteriormente, estudou Letras e Direito na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, e obteve doutorado em Filosofia e Letras na Universidade Complutense de Madri.

Vargas Llosa emergiu como figura central do “boom” da literatura latino-americana nas décadas de 1960 e 1970, ao lado de autores como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes. Seus romances, como “La casa verde” (1966), “Conversación en La Catedral” (1969) e “La guerra del fin del mundo” (1981), exploraram temas de poder, corrupção e resistência individual.

Em 2010, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, reconhecido por sua “cartografia das estruturas do poder e suas imagens afiadas da resistência, rebelião e derrota do indivíduo”.

Inicialmente simpatizante do marxismo e apoiador da Revolução Cubana, Vargas Llosa rompeu com o regime de Fidel Castro após o Caso Padilla em 1971. Ao longo dos anos, tornou-se defensor do liberalismo democrático e da economia de mercado.

Em 1990, candidatou-se à presidência do Peru pelo partido Frente Democrático, sendo derrotado por Alberto Fujimori. Apesar da derrota, muitas de suas propostas de reforma foram posteriormente implementadas.

Além do Nobel, Vargas Llosa recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio Cervantes (1994) e o Prêmio Príncipe de Astúrias (1986). Foi membro da Real Academia Espanhola e, em 2023, tornou-se o primeiro autor não francês a integrar a Académie Française, refletindo seu prestígio internacional.

Em outubro de 2023, publicou seu último romance, “Le dedico mi silencio”, marcando sua despedida da ficção. Dois meses depois, encerrou sua coluna “Piedra de Toque”, publicada desde 1990 no jornal El País.

Mario Vargas Llosa deixa uma obra vasta e influente, que continuará a inspirar leitores e escritores ao redor do mundo. Sua vida e trabalho são testemunhos do poder da literatura em iluminar as complexidades da condição humana e das estruturas sociais.