As paredes invisíveis da ditadura: Sonhos na Alemanha Nazista (1933-1939)
- Raul Silva
- 18 de mar.
- 10 min de leitura
Por: Raul Silva para o Radar Literário do Teoria Literária

O período entre 1933 e 1939 na Alemanha marcou uma transformação radical na estrutura política e social do país. Após a nomeação de Adolf Hitler como Chanceler em 30 de janeiro de 1933, a Alemanha, outrora uma república multipartidária, rapidamente se converteu em uma ditadura de partido único sob o controle do Partido Nazista. Esse período foi caracterizado pela ascensão de um regime totalitário que implementou políticas raciais, políticas e sociais extremas, culminando na exclusão progressiva dos judeus da vida pública e na perseguição de outros grupos considerados "inimigos do Estado". A atmosfera era de crescente tensão e medo, com a supressão da oposição política, a censura da imprensa e a vigilância constante se tornando elementos onipresentes na vida cotidiana dos alemães. A violência estatal e a propaganda incessante moldavam a realidade, deixando pouca margem para a dissidência ou mesmo para o pensamento privado.
Em regimes totalitários, o controle estatal busca transcender as fronteiras da esfera pública, infiltrando-se nas vidas privadas dos cidadãos. A vigilância, a doutrinação ideológica e a supressão da liberdade individual criam um ambiente onde até mesmo os pensamentos mais íntimos podem parecer estar sob escrutínio. Surge, então, a questão: em um contexto de opressão tão abrangente, o controle do Estado poderia se estender ao domínio aparentemente inviolável dos sonhos? Seriam os sonhos, essa experiência subjetiva e noturna, imunes à influência de um regime totalitário?
Foi nesse cenário de crescente autoritarismo que Charlotte Beradt, uma jornalista judia vivendo em Berlim, empreendeu um projeto clandestino de notável perspicácia. Entre os anos de 1933 e 1939, enquanto a sombra do nazismo se aprofundava sobre a Alemanha, Beradt secretamente coletou os sonhos de cidadãos comuns. Sua iniciativa, arriscada e inovadora, visava documentar a experiência subjetiva da vida sob o Terceiro Reich, buscando nas narrativas oníricas um reflexo das ansiedades e medos que a atmosfera política impunha sobre a população. A própria identidade de Beradt, como judia em um regime crescentemente antissemita, confere uma camada adicional de significado ao seu trabalho, posicionando-a como uma observadora atenta e profundamente envolvida com as consequências da opressão. O resultado desse esforço meticuloso e perigoso foi publicado em 1966 sob o título "O Terceiro Reich dos Sonhos", uma coletânea de mais de trezentos relatos oníricos que oferecem um olhar singular sobre o impacto psicológico de viver sob uma ditadura.
Charlotte Beradt: Documentando os pesadelos de uma nação

Entre 1933 e 1939, Charlotte Beradt desenvolveu uma metodologia discreta para coletar mais de 300 sonhos de cidadãos alemães. Consciente dos perigos de registrar qualquer forma de dissidência ou mesmo pensamentos privados sob um regime totalitário, seu trabalho foi necessariamente clandestino. Beradt estabeleceu uma rede informal de conhecidos, que incluía proprietários de fábricas, costureiras, leiteiros, secretárias e advogados, tanto judeus quanto não judeus, representando uma ampla seção da sociedade alemã. É notável que Beradt tenha tomado a decisão deliberada de não incluir em sua pesquisa os sonhos de perpetradores ou daqueles que eram cúmplices do regime nazista. Essa escolha metodológica direcionou o foco de seu estudo para as experiências psicológicas da população em geral, daqueles que viviam sob a opressão, oferecendo uma perspectiva específica sobre o impacto do regime. A diversidade dos sonhadores sugere que o impacto psicológico da ditadura se estendeu por diferentes estratos sociais, indicando que o medo e as pressões psicológicas do regime nazista não se limitavam a grupos específicos. A exclusão dos sonhos dos perpetradores, por outro lado, garante que a obra se concentre nas vítimas e naqueles que viviam sob a opressão, proporcionando uma valiosa contranarrativa.
Embora o livro "O Terceiro Reich dos Sonhos" tenha sido publicado em 1966, inicialmente recebeu pouca atenção crítica. No entanto, com o passar dos anos, a obra ganhou reconhecimento crescente como um documento histórico e psicológico de valor inestimável, oferecendo uma janela única para o mundo interior dos indivíduos que viveram sob o terror nazista.
"Um sismógrafo da realidade": Os sonhos como espelho da Alemanha Nazista
Os sonhos coletados por Charlotte Beradt revelam temas recorrentes que espelham as ansiedades e as duras realidades da vida sob o domínio nazista. Um dos temas mais proeminentes é a perda de privacidade e o medo da vigilância. Muitos sonhadores relatam sonhos com a ausência de paredes, objetos domésticos como lâmpadas, fogões e telefones que agiam como informantes, e a constante sensação de serem observados. Esse motivo de objetos inanimados traindo os sonhadores destaca a profunda desconfiança e a capacidade do regime de instigar medo até nos espaços mais privados. A vigilância onipresente do aparato estatal nazista, incluindo a Gestapo e uma vasta rede de informantes, permeava a vida cotidiana, e os sonhos parecem ter capturado essa atmosfera de constante escrutínio.
Outro tema significativo é a opressão internalizada e a vergonha. Há relatos de indivíduos, incluindo judeus, que em seus sonhos internalizavam o ódio antissemita ou sentiam vergonha e culpa relacionadas à ideologia do regime. Esses sonhos revelam o impacto psicológico insidioso da propaganda e a pressão para conformidade, chegando a gerar autodepreciação dentro dos grupos marginalizados. A constante exposição à propaganda nazista e a pressão para se adequar à ideologia dominante parecem ter se infiltrado no subconsciente, levando à internalização de mensagens de ódio e exclusão.
Surpreendentemente, também surgem sonhos de conformidade e pertencimento. Mesmo alguns judeus sonhavam em serem aceitos por organizações nazistas ou em adotar os símbolos do regime, como a saudação nazista. Esse tema aponta para os complexos mecanismos psicológicos de sobrevivência em jogo, onde, mesmo em sonhos, os indivíduos podem buscar um senso de pertencimento em um ambiente hostil. Sonhos de aceitação pelo regime opressor poderiam representar um desejo subconsciente de aliviar o medo e encontrar uma sensação de segurança, por mais paradoxal que pareça, dentro de uma realidade perigosa.

A absurdidade burocrática e a perda de controle também são temas recorrentes. Sonhos com decretos sem sentido, regras arbitrárias e a sensação de impotência diante de um sistema opressor e irracional são comuns. Esses sonhos refletem a experiência vivida de navegar em um sistema onde a lógica e a razão eram frequentemente subvertidas por imperativos ideológicos, ecoando a natureza arbitrária das leis e regulamentos nazistas.
O medo da perseguição e da violência se manifesta em pesadelos diretos de serem caçados pela SS, de testemunhar violência ou de estarem em campos de concentração, mesmo antes de sua disseminação generalizada. Esses sonhos quase premonitórios sugerem uma profunda ansiedade social subjacente e talvez uma antecipação inconsciente dos horrores que estavam por vir.
Por fim, embora menos frequentes, há sonhos de fuga e resistência, fantasias de deixar a Alemanha ou atos de desafio contra o regime. A relativa raridade desses sonhos, como destacado por algumas análises, pode refletir o medo generalizado e o sucesso do regime em suprimir até mesmo a rebelião subconsciente.
Tema do Sonho | Descrição/Exemplos | Conexão com a Realidade Nazista |
Perda de Privacidade | Ausência de paredes, objetos falantes (lâmpadas, fogões), sensação de ser observado. | Vigilância da Gestapo e informantes, erosão da esfera privada. |
Opressão Internalizada | Internalização do ódio antissemita, sentimentos de vergonha e culpa. | Propaganda nazista, pressão para conformidade ideológica. |
Conformidade e Pertencimento | Desejo de aceitação por organizações nazistas, adoção de símbolos nazistas. | Mecanismos psicológicos de sobrevivência, busca por segurança em um ambiente hostil. |
Absurdidade Burocrática | Decretos sem sentido, regras arbitrárias, sensação de impotência. | Natureza arbitrária das leis e regulamentos nazistas. |
Medo da Perseguição | Ser caçado pela SS, testemunhar violência, estar em campos de concentração. | Violência estatal crescente, perseguição de minorias. |
Fuga e Resistência | Fantasias de deixar a Alemanha, atos de desafio contra o regime. | Desejo de escapar da opressão, embora raro nos sonhos devido ao medo. |
A paisagem psicológica da opressão
Os sonhos coletados por Beradt oferecem uma visão profunda do impacto psicológico do totalitarismo. O medo, a ansiedade e o trauma são respostas diretas ao ambiente opressor. A perda de confiança não se limita a outras pessoas, estendendo-se a objetos inanimados e à própria sensação de realidade. A sensação de impotência aprendida e a erosão da capacidade de ação individual sob tal regime também são evidentes. Além disso, o fenômeno de indivíduos internalizando a ideologia do opressor como um mecanismo de sobrevivência ou devido à exposição constante à propaganda é um reflexo da profundidade do controle psicológico exercido pelo regime. Esses sonhos ilustram como regimes totalitários buscam controlar não apenas o comportamento externo, mas também o cenário psicológico interno dos indivíduos. A comparação com as ansiedades contemporâneas relacionadas a algoritmos e vigilância oferece um paralelo moderno aos sentimentos de serem observados e manipulados refletidos nos sonhos da era nazista.
Ecos literários: Sonhos e a teoria do controle totalitário
A obra de Beradt pode ser vista como um análogo do mundo real à literatura distópica, como "1984" de Orwell e as obras de Kafka, onde o Estado exerce controle total sobre os indivíduos. Os sonhos fornecem evidências empíricas para os estados psicológicos frequentemente retratados em sociedades totalitárias ficcionais. As perspectivas freudiana e junguiana sobre os sonhos oferecem diferentes lentes para sua interpretação no contexto da opressão política. Enquanto a teoria da realização de desejos de Freud pode ser complicada pela prevalência da ansiedade e do medo nesses sonhos, o conceito de inconsciente coletivo de Jung poderia explicar os temas e ansiedades compartilhados nos sonhos de diferentes indivíduos. A natureza dos sonhos da era nazista, dominada pelo medo e pela perda de controle, desafia uma simples aplicação da teoria da realização de desejos de Freud, sugerindo que, em circunstâncias extremas, os sonhos podem servir primariamente como uma resposta ao trauma em vez da realização de desejos. A coleta de Beradt pode ser vista como uma forma de documentação "literária" de um estado psicológico coletivo sob coação.
Sonhos como forma de resistência inconsciente ou complacência?

A questão de saber se esses sonhos ofereciam um espaço para a resistência inconsciente contra o regime, mesmo que apenas de forma simbólica, ou se refletiam principalmente a internalização do poder e da ideologia do regime, é complexa. É provável que os sonhos servissem tanto como um espaço para processar o trauma da opressão quanto, em alguns casos, como uma indicação do sucesso do regime em moldar o subconsciente, destacando a resposta psicológica multifacetada ao totalitarismo. Mesmo sonhos que refletem medo e conformidade podem ser vistos como uma forma de processamento inconsciente e uma maneira de lidar com a realidade opressiva.
O legado duradouro: Sonhos sob opressão no mundo moderno
A obra de Beradt fornece um valioso estudo de caso histórico para entender o impacto psicológico universal do totalitarismo, oferecendo insights aplicáveis a vários contextos de opressão. Os padrões de medo, vigilância e perda de controle observados nos sonhos da era nazista provavelmente ressoam com as experiências de indivíduos que vivem sob outros regimes opressores. Refletir sobre a importância de preservar o pensamento individual e a privacidade diante da crescente vigilância e do potencial de manipulação na sociedade moderna é crucial.
Conclusão
Os sonhos coletados por Charlotte Beradt entre 1933 e 1939 oferecem uma perspectiva única e profundamente perturbadora sobre a vida na Alemanha nazista. Longe de serem meros resíduos da atividade mental noturna, esses sonhos atuaram como um "sismógrafo da realidade", registrando as ansiedades, os medos e as pressões psicológicas impostas por um regime totalitário. A perda de privacidade, o medo da vigilância, a internalização da opressão e a sensação de impotência que permeiam esses relatos oníricos revelam a extensão do controle que o nazismo exerceu não apenas sobre a esfera pública, mas também sobre o mundo interior dos cidadãos alemães. A obra de Beradt permanece um testemunho eloquente do impacto psicológico devastador da opressão e da capacidade do espírito humano de, mesmo em sonhos, processar e reagir às forças avassaladoras da história. Ao analisarmos esses "diários da noite", somos confrontados com a fragilidade da liberdade e a importância de proteger a autonomia do pensamento individual em face de qualquer forma de autoritarismo.
Referências Citadas
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